
Os robôs modernos são máquinas que estão em constante desenvolvimento e aprendem com seus erros. Os robôs são criações da humanidade que, como nenhuma outra criação, inspira uma mistura confusa de admiração e medo: queremos que os robôs tornem nossas vidas mais fáceis e seguras, mas não sentimos que podemos confiar neles. De fato, hoje em dia a preocupação geral é de que os robôs possam roubar nossos empregos em um futuro breve. No entanto, a verdade é que podemos ter mais chances de nos encontrar trabalhando ao lado de um robô do que ter um deles nos substituindo. Melhor ainda, é mais provável que você faça amizade com um robô do que tenha sua vida ameaçada por ele.

A palavra “robô” vem da palavra eslava “rabota”, que significa “trabalho”. Esta palavra apareceu pela primeira vez na peça R.U.R. “Robôs Universais de Rossum”, do dramaturgo checo Karel Čapek, em 1920. Nesta peça, os robôs pareciam humanos e eram muito mais eficientes no que faziam do que seus colegas humanos. E erradicam a humanidade.
Esse cenário contribuiu muito para a desconfiança dos seres humanos nas máquinas – como podemos ver em filmes como “O Exterminador do Futuro”, “Matrix” e “Ex_Machina” – e, infelizmente, essa tendência ainda continua. Ainda assim, cultura pop já retratou os robôs em versões mais simpáticas e amigáveis, como em “O Homem Bicentenário” e “WALL·E”.
A definição do mundo real de “robô” é tão incerta quanto suas representações fictícias. Pergunte a 10 roboticistas o que é um robô e você terá 10 respostas diferentes. Mas todos eles concordam com os seguintes pontos principais: um robô é uma máquina inteligente e fisicamente incorporada; um robô pode executar tarefas de forma autônoma; e um robô pode sentir e manipular seu ambiente.
Pense em um drone, por exemplo. Se você o controla remotamente, ele não é robô. Mas dê a um drone o poder de decolar e pousar por conta própria, alguns sensores e, de repente, ele está muito mais próximo de um robô. A inteligência, os sensores e a autonomia são a chave.

Mas foi somente na década de 1960 que uma empresa construiu algo que começou a atender a essas diretrizes. A SRI International, no Vale do Silício (São Francisco, Califórnia, EUA), desenvolveu o Shakey, o primeiro robô verdadeiramente móvel e inteligente. Equipado com uma câmera e sensores de impacto, o Shakey conseguia navegar em um ambiente complexo. Não era uma máquina particularmente estável, mas foi o invenção que marcou o começo da revolução robótica.
Durantes o mesmo período em que Shakey foi desenvolvido, braços robóticos estavam começando a transformar a manufatura. O primeiro deles foi o Unimate, que soldava carrocerias de automóveis. Hoje, seus tomaram as fábricas automotivas, e realizam tarefas tediosas e perigosas com muito mais precisão e velocidade do que qualquer humano poderia conseguir fazer. Mesmo não podendo se locomover pelo ambiente, eles ainda se encaixam perfeitamente na definição básica de um robô: São máquinas inteligentes que detectam e manipulam seu ambiente.
Por muitos anos, os robôs permaneceram em sua maioria confinados às fábricas e laboratórios. Então, em meados da década de 1980, a Honda começou a desenvolver um robô humanóide: O P3, um robô que conseguia caminhar muito bem, acenar e cumprimentar pessoas. O trabalho culminaria no Asimo, que até chegou a jogar bola com Barack Obama, ex-presidente dos EUA, em 2014.
Hoje, robôs avançados estão surgindo em todos os lugares. E isso se deve à existência de três tecnologias em particular: sensores, atuadores e inteligência artificial.
Sensores são o que fazem com que os robôs percebam o mundo à sua volta, seja para que nós e eles possamos conviver em harmonia e segurança ou para que eles possam realizar tarefas com mais precisão e eficiência. Por exemplo, o iFood recentemente anunciou que, a partir de 2020, usará robôs para realizar suas entregas – e essa já é uma realidade em cidades mundo afora. O sensores são essenciais para que tais projetos tenham resultados positivos e não causem acidentes, já que são eles que que evitam que os robôs atropelem os pedestres durante seu trajeto.
Dentro de cada um desses robôs está o próximo ingrediente secreto: o atuador, que é uma palavra chique um elemento que produz movimento, atendendo a comandos que podem ser manuais, elétricos ou mecânicos. É esse atuador que determina o quão forte é um robô e quão suave são seus movimentos. Até robôs relativamente simples – como o Roomba, que é um aspirador de chão – devem sua existência aos atuadores.
E, quando falamos sobre robôs, é impossível não falar da Boston Dynamics, que criou o Atlas, um robô humanoide, para o Darpa Robotics Challenge, em 2013. No início, as equipes de pesquisa em robótica de universidades tentavam fazer com que a máquina cumprisse as tarefas básicas do desafio original de 2013 e da rodada final de 2015, como tornear válvulas e abrir portas.
Mas a Boston Dynamics foi além e transformou o Atlas em uma máquina que pode dar saltos mortais, superando outros robôs bípedes que ainda têm dificuldade para caminhar. A Boston Dynamics também está trabalhando em um robô quadrúpede chamado SpotMini, que pode se recuperar rapidamente ao ser chutado ou puxado. Esse tipo de estabilidade será fundamental se quisermos construir um mundo em que não passemos o tempo todo ajudando os robôs a voltarem para sua posição correta. E tudo graças ao atuador.
Ao mesmo tempo em que robôs como Atlas e SpotMini estão ficando mais robustos fisicamente, eles também estão ficando mais inteligentes, graças à Inteligência Artificial.

Para as máquinas, assim como os seres humanos, os sentidos e a inteligência são inseparáveis e essenciais: se você pegar uma maçã falsa e não perceber que ela é de plástico antes de colocá-la na boca, você não é muito inteligente. Uma empresa chamada SynTouch desenvolveu pontas dos dedos robóticas que podem captar diversas sensações, desde temperatura até texturas.
Máquinas cada vez mais sofisticadas podem preencher nosso mundo, mas, para que os robôs sejam realmente úteis, eles precisam se tornar mais independentes. Afinal, seria impossível programar um robô doméstico para que ele aprenda sobre cada um dos itens que ele irá encontrar no ambiente em que irá trabalhar. Você quer que ele aprenda sozinho, e por isso é importante que a inteligência artificial tenha cada vez mais avanços.
Em um laboratório da Universidade da Califórnia, o humanoide Brett aprendeu a concluir um quebra-cabeças infantil. Isso foi feito por tentativa e erro através de um processo chamado aprendizado por reforço. Ninguém deu instruções sobre como ele deveria posicionar as peças. Então, fazendo movimentos aleatórios e recebendo uma espécie de “recompensa digital” cada vez que se aproximava do sucesso, Brett aprendia algo novo por conta própria. O processo é lento, mas com o tempo os roboticistas irão aprimorar a capacidade das máquinas de aprender novas habilidades em novos ambientes.
No futuro, os carros autônomos serão confiáveis e sofisticados o suficiente para transportar seres humanos para todos os lados com segurança – já que a Inteligência Artificial nunca fica bêbada ou com sono.
Os robôs humanoides também irão interagir cada vez mais conosco e ficaremos cada vez mais próximos, visualmente. Em 2016, a Hansen Robotics construiu o robô Sophia, que estampou capas de revistas e participou de programas de televisão. Sophia é um robô que pode falar autonomamente sobre vários assuntos, pois está permanentemente conectado à Internet, o que permite que ele pesquise sobre diferentes assuntos rapidamente. Sophia também pode perceber o humor do interlocutor a partir de expressões faciais e, por sua vez, pode fazer mais de 50 expressões faciais diferentes. Para o futuro, o objetivo da Hansen Robotics é que Sophia se pareça e aja como um ser humano.
Já se passaram quase 60 anos desde que o primeiro robô verdadeiramente móvel e inteligente foi criado e olhem só como o ser humano conseguiu fazer com que essa invenção se aprimorasse cada vez mais. O futuro está logo aí e é praticamente impossível imaginá-lo sem robôs participando de nossa sociedade, seja nos ajudando a executar tarefas do dia a dia, na rotina de um hospital e – por que não? – como nossos amigos.
