A Cultura Maker, como muitos outros fenômenos de nossa sociedade, não é algo que pode ser definido facilmente. Para falar sobre a Cultura Maker, talvez seja melhor mergulharmos um pouco mais fundo nesse universo e começar a definir esse movimento a partir de uma nova pergunta: Quem são os makers?
Para falarmos sobre a Cultura Maker, precisamos partir de um ponto muito importante: pessoas diferentes aprendem de formas diferentes. Algumas pessoas aprendem melhor ouvindo, outras aprendem melhor através de estímulos visuais. E existem as pessoas que aprendem melhor fazendo. Esses são os makers, os fazedores, os criadores (pode chamar como preferir!).
A Cultura Maker se apoia na ideia do Construtivismo, um método inspirado nas ideias do psicólogo, filósofo, biólogo e escritor Jean Piaget (1896-1980), que procura instigar a curiosidade, fazendo com que o educando encontre as respostas a partir de seus próprios conhecimentos e de sua interação com a realidade e com os colegas.
Outro ponto muito importante dentro da Cultura Maker é a colaboração. E é aí que entram as ferramentas e plataformas de código aberto.
Um software de código aberto é um software que permite que qualquer pessoa inspecione, modifique e aprimore seu código fonte. O código fonte (ou source code) é um conjunto de palavras e símbolos, organizados para instruir a máquina através de uma linguagem de programação. É como se você estivesse fazendo um bolo: o código fonte é a receita e o fogão é um computador que abriga todas as ferramentas e ingredientes para interpretar e produzir esse bolo de forma autônoma. Porque, basicamente, é isso o que um computador é: uma máquina com capacidade de interpretação, que abriga todo o necessário para colocar o software em prática. Dentro dessa analogia, o código aberto é como se você disponibilizasse a receita do seu bolo para que qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, pudesse acessá-la, replicá-la e modificá-la.
Para o Movimento Maker, o ato de compartilhar não é apenas uma boa ideia, mas sim algo essencial para o progresso. Na Área 21, os educandos têm contato com ferramentas open source como Inkscape, Arduino (IDE), GIMP e Scratch. E nossa busca é principalmente por ferramentas de acesso gratuito, que não necessariamente são open source, como o Tinkercad, o LaserCAD e o Repetier-Host.
Agora que você já sabe que a Cultura Maker se apoia na ideia de que nós podemos aprender criando e que o ato de compartilhar é algo extremamente importante para que todo esse movimento funcione, que tal pensar em como você pode melhorar sua experiência durante essa jornada?
Para isso, é muito importante ter algumas coisas em mente:
Faça as pazes com a imperfeição
Enquanto algumas das pessoas inovadoras e brilhantes da história tenham sido extremamente perfeccionistas, muitas outras pessoas igualmente brilhantes fizeram as pazes com o fato de que nada será perfeito na primeira vez – e em muitos casos, nem na segunda ou terceira. Lembre-se de que é importante correr riscos. E errar faz parte dessa jornada.
Crie sua comunidade
Trocar ideias e experiências é algo muito importante durante o desenvolvimento do seu projeto. É essencial ter em mente que o compartilhamento é uma das peças chave na Cultura Maker. Converse com outros makers, ouça sugestões e esteja sempre aberto para apoiar e contribuir com os projetos das pessoas ao seu redor.
Na Área 21, os educandos sempre apresentam seus projetos ao final de cada missão, compartilhando aprendizados e desafios com a turma, através de uma cultura de constantes devolutivas (ou feedbacks). A Ciranda (World Café), por exemplo, é uma dinâmica que serve para que os jovens coletem outras visões sobre a solução construída na missão externa.
Durante a missão final, as turmas recebem visitas externas, que também fazem comentários sobre os projetos. Na Mostra Área 21, as bancas avaliadoras dos projetos são compostas por profissionais da indústria criativa, de grupos maker, da comunidade e do mundo do trabalho.
E por último, mas não menos importante: ame o que você faz!
Não sabe por onde começar um projeto? Comece fazendo o que você gosta. A criatividade também é algo que faz parte do processo de qualquer projeto do Movimento Maker e, sem dúvidas, nós ficamos muito mais inspirados quando estamos trabalhando em algo que amamos de verdade.
Através da Cultura Maker, pessoas de todas as idades estão aprendendo a moldar a tecnologia, em vez de serem dominadas por ela, e comunidades estão sendo criadas com base na cultura do trabalho compartilhado. Mais do que uma simples ideia, a Cultura Maker nos mostra como tecnologia pode não apenas pode facilitar nossas vidas, mas também nos permite conectar uns com os outros de formas cada vez mais surpreendentes.